Integrantes da Sociedade de Apoio à Causa Indígena (Saci) fizeram uma visita técnica à Aldeia Tabaçu Reko Ypy, localizada na Terra Indígena Piaçaguera, na divisa entre Itanhaém e Peruíbe, no domingo, 29. O objetivo da visita, segundo o vice-presidente Marcio Zwarg, foi conhecer melhor os costumes e o modo de vida dos indígenas Tupi-Guarani da aldeia. E ainda apresentar a entidade que visa colaborar com as principais necessidades da comunidade indígena.
A aldeia Tabaçu Reko Ypy, fundada em 2012, conta com 12 famílias, sendo 47 adultos e 22 crianças. Localizada na Terra Indígena Piaçaguera, a comunidade vive do turismo, com as visitas monitoradas de turistas, e com a venda do artesanato feito pelos índios, na própria aldeia e também nas feiras.
A professora IItamirim, formada em Pedagogia pela Universidade de São Paulo (USP) desde 2004, e a vice-cacique Dora Cunhamju receberam os integrantes da Saci para um bate-papo sobre o modo de vida dos indígenas.
Em relação à Educação, segundo Itamirim, a comunidade conta com uma sala de aula vinculada à escola da Aldeia Piaçaguera. No total são 15 alunos matriculados e divididos entre a Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II. Eles contam com três professores bilíngues – que ensinam a língua portuguesa e o Tupi-Guarani.
A secretária de Relações Institucionais da Saci, Joana Scholtes, questionou sobre a situação dos alunos que concluem o Ensino Fundamental e desejam prosseguir no Ensino Médio. Itamirim explicou que para os alunos que quiserem concluir o Ensino Médio a escola mais próxima se localiza no bairro Gaivota, em Itanhaém. Entre as principais dificuldades dos alunos estão a falta de transporte para se deslocar, o preconceito nas escolas de ensino regular e a falta de professores capacitados para abrir uma sala voltada ao Ensino Médio na aldeia.
Quanto aos demais problemas, Itamirim citou a falta da palha guaricanga – principal matéria prima para cobrir as ocas e os espaços para vender o artesanato. “Temos que ir buscar em locais distantes próximos aos Morros, e está cada vez mais difícil encontrar a guaricanga”, esclareceu.
Indígenas da aldeia Tabaçu recebem o apoio da Cati – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, ligada ao Governo do Estado, que auxilia na técnica do plantio de mudas. Eles cultivam a mandioca, árvores frutíferas, o jenipapo e também estão fortalecendo o plantio do palmito juçara para garantir a própria subsistência.
Outra questão abordada se refere à falta de divulgação e de estrutura para receber os turistas e pesquisadores que visitam a aldeia. Conforme Itamirim, as prefeituras de Itanhaém e Peruíbe colaboraram com a estrutura em dois eventos. Mas a aldeia não têm acomodações para acolher os turistas que desejam dormir no local.
No mês de agosto, segundo a professora, foi realizada a II Festa Tataruçu Katu, que significa “fogo sagrado” em Tupi-Guarani, com a realização dos jogos indígenas e a venda de artesanato, durante três dias. Itamirim explicou que a arrecadação com a venda do artesanato é dividida entre a manutenção da aldeia e as famílias que vivem no local.
O vice-presidente Marcio Zwarg sugeriu a realização de uma oficina experimental entre os jovens para fabricar objetos de madeira e, posteriormente, comercializá-los. A Saci recebeu uma doação de alguns equipamentos para a confecção de objetos em madeira. Itamirim aprovou a ideia, e completou “podemos indicar alguns jovens que já trabalham com a caxeta para confeccionar alguns objetos de artesanato”.
Festa Indígena – Outra sugestão feita pelo colaborador Marcus Ferreira é a realização de uma Festa Indígena, uma celebração ao Dia do Índio, comemorado no dia 19 de de abril. O objetivo é divulgar a cultura indígena Tupi-Guarani, a exemplo do evento em Bertioga. A ideia é que a festa fosse realizada uma vez por ano e que a programação aconteça em conjunto entre as nove aldeias da Terra Indígena Piaçaguera. Também poderia haver um revezamento das atividades entre as aldeias, a cada final de semana.
Itamirim gostou da proposta sobre a realização da Festa em conjunto. “Temos que fortalecer e resgatar a cultura indígena. Seria uma forma de unir as aldeias e divulgar os costumes tradicionais, as danças, o artesanato e as práticas esportivas”, salientou.
Além de Marcio Zwarg, Joana Scholtes e Marcus Ferreira, participaram da visita Francesco Picciolo, Flávio Camunha, Nayara Martins da Saci. E ainda a colaboradora Maria Aparecida Ivankio.
Serviço: A Aldeia Tabaçu Reko Ypy se localiza na Terra Indígena Piaçaguera, na divisa entre os municípios de Itanhaém e Peruíbe. Interessados em conhecer a aldeia podem acessar a página no Facebook – https: \\www.facebook.com\aldeia.t.rekoypy .





Nayara Martins
Secretária de Comunicação
Olá, gostei muito de conhecer um pouco mais sobre a cultura indígena. Seria possível uma explicação melhor sobre Tataruçu Katu, o fogo sagrado? Sou professora de Ensino Religioso e gostaria de trabalhar esta festa com os meus alunos mas preciso de maiores informações.