
Integrantes da Sociedade de Apoio à Causa Indígena (Saci) fizeram uma doação de roupas à comunidade indígena Nhamandu-mirim, no último sábado, 15 de junho, na Terra Indígena Piaçaguera, em Peruíbe.
Foram doados 433 peças de roupas de crianças e mais 138 de adultos, doados pela Instituição Assistencial Dias da Cruz, de Campinas, sendo que algumas peças também foram doadas por integrantes da Saci.
A líder da aldeia e professora Lenira de Oliveira recebeu os integrantes e agradeceu a doação de roupas. Ela também é vice-diretora da escola estadual indígena Nhamandu-mirim. A escola conta hoje com 25 alunos, matriculados do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental, e quatro professores bilíngues.
Na unidade escolar estão sendo construídas duas salas de aula. A mão de obra está sendo financiada pelo Governo do Estado e o material para a construção foi recebido por doação.
Lenira explica que as principais prioridades da aldeia são a manutenção da estrada, a instalação da rede de saneamento básico e a distribuição de água da Sabesp, já que a pressão da água é muito pouca para abastecer todas as famílias.
A líder contou ainda que os indígenas não podem mais comercializar o palmito e nem as bromélias. “Precisamos do apoio da Funai para poder cultivar e comercializar alguns alimentos. Apesar de a terra não ser boa para o plantio, conseguimos cultivar o palmito açaí e o juçara, além da batata doce, mandioca e banana”, salientou. Segundo ela, eles também estão dando início à criação de tilápias na lagoa da aldeia.
Museu indígena – Atualmente, a aldeia Nhamandu-mirim foi contemplada com o Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias II, uma ação do Governo do Estado e executado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio da Coordenadoria de Assistência Integral (CATI), e a Secretaria de Meio Ambiente. Os recursos são provenientes do Governo do Estado de São Paulo e de um acordo do empréstimo com o Banco Mundial, além de uma contrapartida com as prefeituras.
O objetivo é ampliar o acesso ao mercado aos agricultores familiares organizados em associação e cooperativas no Estado, bem como as organizações de produtores de comunidades tradicionais como quilombolas e indígenas.
O projeto prevê a construção de uma oca maior para abrigar um museu indígena e mais quatro ocas que serão utilizadas para expor e comercializar o artesanato. O prazo para a conclusão das obras é de 90 dias.
O vice-presidente da Saci, Ricardo Henrique da Silva, explicou que a Saci pode ajudar com o projeto de entalhe em madeira e tem as ferramentas para a confecção de objetos de artesanato indígena. Lenira elogiou a ideia e explicou que eles já trabalham com um projeto de reaproveitamento de roupas e outros materiais para confeccionar bolsas e artesanato. O objetivo é gerar renda às famílias indígenas.
Festa tradicional – Lenira lembrou ainda que vão realizar a Festa tradicional para comemorar os 11 anos de fundação da aldeia, no mês de agosto. Eles já pediram o apoio da prefeitura de Peruíbe para colaborar com a estrutura e a doação de alimentos para a festa.
A aldeia Nhamandu-mirim conta hoje com 84 indígenas e 17 famílias. As famílias vivem com a venda de artesanato e a comercialização de alguns alimentos cultivados na própria aldeia. A líder espiritual na Casa de Reza da aldeia é a indígena Antonia.

Texto e fotos – Nayara Martins